Existem
casais que não fazem propaganda do amor. Não expõe vantagens, não se elogiam em
público, não descrevem o que ele ou ela preparou no dia anterior, não geram
ciúme, muito menos inveja entre os amigos. São os casais ideais, certo? Talvez
durem para sempre, o que não traduz perfeição.
Não tem
como ser feliz sem merchandising do que está vivendo. Sem fofoca. Sem contar um
pouco mais. É pensar e divulgar. O amor
é público, desde quando se estendeu a mão pela primeira vez com muito nervosismo para andar na rua com ela.
Não
existe como disfarçar. Sensibilidade controlada é indiferença.
O maior
trauma afetivo é a falta de amor pelo amor. Quando os dois se amam, mas estão
descontentes por amar. Não desejavam estar amando. Como uma maldição: por que
foi acontecer comigo logo agora? É como uma companhia não apropriada, ou que
não devia ter surgido naquele momento, é bem capaz de atrapalhar os estudos ou
o trabalho. Ou porque perderemos tempo e a agilidade que tanto nos
caracterizava. Não identificam que tem o mais complicado, e o restante é
simples: um torpedo, um cartão, uma cartinha, um colo.
Amam ao
mesmo tempo que odeiam. Amam ser, odeiam estar. Por aquilo que a convivência
exige, pela conversa truncada, pelo ciúmes passivo e sempre existente, pela
dependência odiosa e fria.
Quem ama
alguém, mas não ama o amor, não terá paciência. Quer se livrar do amor não do
outro, mas o amor está no outro que acaba pagando a conta. Não consegue se
separar, tampouco se entregar verdadeiramente. Quando está em paz, enlouquece. Quando está
perto, está longe. Quando a declaração romantica vira uma ironia. Quando não é
mais dito o amor, e é cuspido os defeitos.
Mas minha
reflexão não acaba aqui. Pior do que não amar o amor e amar a pessoa, é amar o
amor e não o outro. Ficar com alguém só por acreditar no amor verdadeiro é pura representação do contrário. Amor
verdadeiro não é particular, quando você ama você declara á todos. No seu
olhar, no sorriso, em cada gesto de delicadeza e sensibilidade. De tão grandioso, não cabe dentro de nós
mesmos. O amor sempre será maior que nós e sempre seremos menores que o
amor.
Ou é fiel
a si mesmo, e se faz grande o suficiente
para não caber mais ninguém. Ou você se apequena, para viver um amor maior que
você.
“Vivemos tempos de
loucos amores, só é feliz quem sabe o que quer”
Charlie Brown Jr.