Quando a relação se firma, a mulher descobre que ele não é de outro mundo tão distante assim. E troca de movimento: do impressionismo para o realismo. Os defeitos são identificados acima das qualidades. Com medo de fazer propaganda demais do namorado, investe em ataques sutis ao seu valor. Na mesa de um restaurante, dirá - sem contexto - que ele dorme depois da transa. Capota. O fundista sexual é rebaixado a dorminhoco. Comentará em seguida que não recebe flores há séculos (o mito do romântico foi ao ralo), e de sua inabilidade em escolher suas roupas, sempre em tamanho menor ou maior.
Não é questão de sinceridade, é exagero de crítica. Confunde a época de analisar a convivência com aspereza. O homem se percebe drasticamente diminuído - poucos sobrevivem, alguns preferem terminar. Transforma sua insatisfação, muitas vezes pequena, num debate público, tornando o problema bem maior do que é e esquecendo que seria possível resolvê-lo numa conversa a dois. Ao desvalorizar o passe de seu namorado, afasta com razão qualquer mulher de perto dele, isso ela consegue. Mas também se distancia dele. A ponto de se convencer - secretamente - que ele não mais serve.
O amor é medida. Não mudar as palavras, controlar sua força. Ser natural, cuidando para não ultrapassar o respeito. Na linguagem, um toque pode virar tapa que pode virar soco.
Relação não é falar tudo, a franqueza ilude, é falar o que se precisa. E deixar que um pensamento se encontre com outro na telepatia.
Relação não é falar tudo, a franqueza ilude, é falar o que se precisa. E deixar que um pensamento se encontre com outro na telepatia.

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