terça-feira, 23 de agosto de 2011

Raise your glass.



Existem várias teses de que o ser humano nunca é grato, e sempre tá querendo mais. É aquela história, "dá a mão e quer o braço". Acho que na verdade nunca sabemos o que queremos, quando tá frio demais queremos calor, quando as coisas não estão indo bem culpamos o governo, mas na hora de votar, na hora de escolher mesmo, sempre acabamos em cima do muro, e quando caímos reclamamos da vida, da nossa escolha, e de todos em nossa volta.
O que eu chorava, o que tanto eu reclamava, eu tenho. Era por isso que eu gritava e chegava a arrancar cabelos. Eu tenho amor, família, um namorado lindo, amigos perfeitos, aqueles que fazem parte da nossa vida até o momento certo, afinal temos que aprender a nos virar sozinhos. Na hora de assumir um filho, seu amigo não vai estar lá para bater nas suas costas e registrar o filho com você. Crescer é fundamental, e precisamos passar por essa fase sozinhos, ou então não é crescimento, é lembrança. Lembre-se que para ter aquilo que você nunca teve, é preciso fazer aquilo que você nunca fez.
Por isso eu convoco um brinde, um brinde á todos que já estão crescidos, á todos que sentem o calor na medida certa, aos que não reclamam aonde o muro nos leva, aos que pensam duas vezes antes de jogar um papel no chão e culpar o deputado e aos que vivem uma vida honesta, sem reclamar do que não tem.  E eu agradeço aos que me fazem feliz e á tudo que Deus me deu. 


"Tudo que Ele me trouxe é exatamente tudo que eu preciso, se ele não me deu dinheiro é porque eu não vou precisar."
Bina Parts

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Viva-Voz.


Vivo reclamando que minha mãe atrapalha meu relacionamento. Jantava na casa dele quando minha mãe me ligava, ao toque de "Fuck You" da Lily Allen, atendo o telefonema da minha mãe. Ela nem disse oi, disse qualquer coisa pra testar o microfone do celular. Falando tão alto, que meu namorado até ouviu o tutututu. E a briga continuou. Sempre que uma mãe desligar o telefone na cara da filha, a filha vai fechar a porta na cara da mãe.
Fiquei pensando comigo mesmo: "Ela está ferrando com meu namoro? Ou ela vem me ajudando?" 
E percebi que é ótimo, não existe namoro sem oposição. Ela entusiasma o relacionamento, eu preciso da cumplicidade dele para enfrentá-la. Pensando assim, conclui que temos um inimigo em comum, nossos pais. O amor cresce com resistência. 
O que seria de Romeu e Julieta sem ódio familiar? Imagine a família Capuleto convidando Romeu para um churrasco no domingo? Acabava a atração de Julieta na hora de servir a linguiça e o coraçãozinho de galinha. Ele se tornaria um irmão, manso e amistoso como uma salada de batata. Contrariar é aumentar a expectativa e fortalecer os segredos do casal. Sem atrito, não haveria serenata, encontros fortuitos e a insônia pela chegada de um mensageiro na peça de Shakespeare. Não restariam dificuldades, nenhuma prova de amor, a trepadeira permaneceria intacta no jardim. Tudo acabaria com comentários futebolísticos entre o sogro e o genro na frente da televisão. 
Sabe como minha mãe terminaria com o meu namoro? Ela chamaria o Yuri para uma conversa e diria: "Estou feliz que você está cuidando da minha filha, conte com minha confiança, sinto que é a pessoa ideal, há muito tempo eu aguardava um cara sério e comprometido. Já estou economizando dinheiro para fazer uma grande festa de casamento e toalhas com as iniciais de vocês."
Agora toda vez que eu visito o meu namorado, atendo ao telefonema da minha mãe ao viva-voz.  

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Desamor.


O maior segredo do amor, não é o seu início, mas como termina.
Nem tente procurar o que aconteceu com você na noite passada, se você bebeu, se você se embriagou. Não tomou nada, essa dor de cabeça é ressaca, ressaca de sobriedade.
Descobrir que você não ama mais alguém, é tão sútil como perder um prendedor de cabelo. A descoberta surgiu  por acaso, de repente na hora de escovar os dentes ou atender o interfone. Não tem lógica. Saímos daquele mundo em que somos dependentes um do outro. Estamos livres para pensar sozinhos, e ao mesmo tempo presos na incompreensão.
Deixar de amar é tão instantâneo quanto a atração, mas com graves consequências. Como abandonar os laços, a ideologia, e não ser visto como um traidor? Como narrar o que não tem enredo, e juntar sentidos em frases soltas?
Porque é duro sair de casa sem um motivo. Duro encarar quem amamos tanto tempo sem dar satisfações, e uma boa explicação convincente sobre o fim. Duro conversar sem entender porque ocorreu a passagem de lado, de uma fidelidade imensa á uma desesperada indiferença. Duro executar a tarefa, sabendo que alguém aguarda ansiosamente uma palavra para esvaziar os traços do rosto, uma palavra onde possa colocar a culpa e amaldiçoar nosso nome. Esse alguém precisa da palavra como um corpo desaparecido precisa do pai e da mãe.
Não existirá uma causa específica para a distância. Evitaremos o contato visual, por não corresponder mais ás expectativas.
Receberemos uma fama de fraco, de mentiroso, de estar escondendo a verdade. Muitos forçam um motivo para descontar o peso da loucura. Muitos revisam os últimos momentos, para justificar o o término. Muitos mentem para não passar trabalho. Muitos tentam diminuir a injustiça inventando fatos.
O que aumenta a alma incompleta é que nunca encontraremos o nosso par, apesar de viver na mesma cidade, frequentar o mesmo bairro, dividir os mesmos costumes, e ter os gostos semelhantes. Nenhum esbarrão na fila do banco, no mercado. Os amigos em comum parecem apagar as pistas de um novo alguém. Não dá pra entender se mudamos os hábitos ou os hábitos não nos pertenciam mesmo e queríamos agradar acreditando que eram nossos.
A emoção secou, ou talvez já estivesse secado. Acabou, idealizamos um reencontro que não aconteceu. Não existe justiça, depois de não existir o amor.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Same soul.

Alguma coisa está vindo, e eu posso sentir chegando. Eu não estou com medo de morrer, eu não estou com medo de viver, eu não estou com medo de acabar. Apenas quando eu estiver incapaz, eu quero sentir que vivi, e viver tudo o que eu senti. Você vai precisar de proteção para sua pele que é da mais delicada. Eu quero que você saiba que você não precisa mais de mim, de ninguém e de coisa nenhuma. Quem dirá aonde a vida nos levará? Quem dirá o que seremos depois do dilúvio? Eu não sei em qual direção a vida anda, e quem saberá? Não quero ver você chorar, isso não é um adeus. Eu quero saber o que vai acontecer com você, e o que vai acontecer comigo. Não é fácil pra mim, meu fogo também me arde. Você é um homem, e eu não sou nenhuma criança. Mas você é um homem que vê a sombra atrás dos meus olhos, e eu sou uma menina que acha que sabe das coisas. Teimosa, que acredita que pode se dar bem sozinha. A verdade é que você se vira melhor sozinho do que eu. Não estaria pronta pra viver meu mundo sem você. Agora você e eu, somos a mesma alma. Mas agora, deixe eu levar uns socos por você. É você quando eu olho no espelho, e é você que faz isso ficar difícil. Por você ser mais forte que eu, eu quero que você viva em mim. Sozinha eu não teria forças. Eu acredito em você, meu amor por você é incondicional.

"Eu sei que você quer me ouvir, sentir minha respiração. Estou sem palavras, não me diga nada, porque tudo o que posso dizer é que eu te amo até o fim."
Darryl Hunt