quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Desamor.


O maior segredo do amor, não é o seu início, mas como termina.
Nem tente procurar o que aconteceu com você na noite passada, se você bebeu, se você se embriagou. Não tomou nada, essa dor de cabeça é ressaca, ressaca de sobriedade.
Descobrir que você não ama mais alguém, é tão sútil como perder um prendedor de cabelo. A descoberta surgiu  por acaso, de repente na hora de escovar os dentes ou atender o interfone. Não tem lógica. Saímos daquele mundo em que somos dependentes um do outro. Estamos livres para pensar sozinhos, e ao mesmo tempo presos na incompreensão.
Deixar de amar é tão instantâneo quanto a atração, mas com graves consequências. Como abandonar os laços, a ideologia, e não ser visto como um traidor? Como narrar o que não tem enredo, e juntar sentidos em frases soltas?
Porque é duro sair de casa sem um motivo. Duro encarar quem amamos tanto tempo sem dar satisfações, e uma boa explicação convincente sobre o fim. Duro conversar sem entender porque ocorreu a passagem de lado, de uma fidelidade imensa á uma desesperada indiferença. Duro executar a tarefa, sabendo que alguém aguarda ansiosamente uma palavra para esvaziar os traços do rosto, uma palavra onde possa colocar a culpa e amaldiçoar nosso nome. Esse alguém precisa da palavra como um corpo desaparecido precisa do pai e da mãe.
Não existirá uma causa específica para a distância. Evitaremos o contato visual, por não corresponder mais ás expectativas.
Receberemos uma fama de fraco, de mentiroso, de estar escondendo a verdade. Muitos forçam um motivo para descontar o peso da loucura. Muitos revisam os últimos momentos, para justificar o o término. Muitos mentem para não passar trabalho. Muitos tentam diminuir a injustiça inventando fatos.
O que aumenta a alma incompleta é que nunca encontraremos o nosso par, apesar de viver na mesma cidade, frequentar o mesmo bairro, dividir os mesmos costumes, e ter os gostos semelhantes. Nenhum esbarrão na fila do banco, no mercado. Os amigos em comum parecem apagar as pistas de um novo alguém. Não dá pra entender se mudamos os hábitos ou os hábitos não nos pertenciam mesmo e queríamos agradar acreditando que eram nossos.
A emoção secou, ou talvez já estivesse secado. Acabou, idealizamos um reencontro que não aconteceu. Não existe justiça, depois de não existir o amor.

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