Todas as vezes que te vi, nesses últimos quatro ou cinco meses, eu sempre me apaixonei por você. Eu sempre estive pronta pra começar algo, pra ficar com você de verdade, pra passear de mãos dadas no claro, pra poder te apresentar ao sol sem receber mensagens de gente louca ou olhares curiosos, pra escutar uma piada nova. E você sempre ignorou esse fato, seguindo seu caminho que sempre é interrompido pelo vazio da sua camiseta suada do futebol. Eu nunca vou entender. Eu nunca vou saber porque a vida é assim. Eu nunca vou entender porque a gente continua voltando pra casa querendo ser de alguém, ainda que a gente esteja um ao lado do outro. Eu nunca vou entender porque você é exatamente o que eu quero, eu sou exatamente o que você quer, mas as nossas exatidões não funcionam numa conta de mais.
Eu só sei que agora eu vou tomar um banho, vou esfregar a bucha o mais forte possível na minha pele e vou me dizer pela milésima vez que essa foi a última vez que vou ficar sem entender nada. Mas aí, daqui uns dias, você vai me ligar. Querendo pegar aquele cineminha, me querendo no escuro. E eu vou topar. Não porque eu seja uma idiota, não me dê valor ou não tenha nada melhor pra fazer. Apenas porque você me lembra o mistério da vida. Porque eu quero ficar ao seu lado, seja como amiga, como parceira, como um rolo, ou como qualquer outra coisa. Eu quero sentir sua presença perto da minha, ouvir sua voz, sentir seu cheiro. Simplesmente porque é assim que a gente faz com a nossa própria existência: não entendemos nada, mas continuamos insistindo.
"Quando um não quer, dois nunca formam um casal"
Xande de Pilares




















